Reocupação da fazenda Riacho Doce


Casa destruída no local do A. Paulo Freire 3, Seringueiras, RO
Desde o despejo, ocorrido em setembro desde ano, as famílias que ficaram acampadas as margens da estrada esperando a decisão da Justiça sobre quem seria realmente o dono da área, já que há fortes indícios da mesma ser da União, presenciaram, cotidianamente, a atuação dos jagunços na área, que bem armados ameaçavam todos e isso com a complacência da Polícia local, que sempre estava na fazenda, inclusive, participou com viatura da escolta de gado para área, não se sabendo até o presente momento se havia autorização do Comando Militar para essa atividade particular.
A situação das famílias, nas margens da estrada, era precária, já que antes do despejo tinham suas casas e roçados para o sustento e de repente se viram fora da terra, com dificuldades, sem acesso a produção e o cultivo da terra para garantir os alimentos; situação que muito revoltava as famílias. Essa revolta foi ampliada quando um dos jagunços à mando do fazendeiro, pegou um pai de família, que estava pescando no rio, levou para a sede da Fazenda Rio Doce, isso na sexta-feira, dia 21/12/2012, fazendo com que as famílias tomassem a decisão e mobilizassem para buscar o companheiro. 
Registra-se que as famílias quando chegaram na fazenda tiveram a oportunidade de presenciar toda as suas produções destruídas, aproximadamente 200 alqueires dos mais diversos cultivos, o que fez com que revolta somada com a indignação levassem-os a fazerem a reocupação da área, colocando para fora, todos aqueles que impediam o acesso a terra.
Ao contrário do divulgado pelo site comando190 não houve enfrentamento com a Polícia Militar, inclusive, quando a Polícia lá esteve, as famílias, pediram que os policiais tomassem os depoimentos de testemunhas e dos jagunços, no que se recusaram, pois, os depoimentos comprovariam que as armas usadas pelos jagunços era de propriedade do Sr. Aguinaldo, proprietário de uma empresa de segurança no município de Alta Floresta conhecida como “Destaque Segurança e vigilância”, que não possui registro de armas na Polícia Federal; confirmariam também que estavam quatro jagunços na área com carabinas 44, Rifles Calibre 22 e revolveres calibre 38 (fatos já denunciados pela CPT, inclusive através desse blog), e que a ordem era para matar homens, mulheres e crianças, enfim, qualquer um que entrasse na área ou suas imediações – essas informações foram colhidas junto ao jagunço Acrisolei. Novamente, a Polícia se absteve de apurar os fatos, reforçando a política do Estado de que os direitos não são iguais e a proteção à vida é somente para alguns. 
As famílias do Acampamento Paulo 3 encontram-se na Fazenda Riacho Doce, se por um lado há toda uma tristeza em ver o trabalho de três anos destruído para servir de plantio de capim, para alimentar gado, que sequer servirá para alimentar o povo brasileiro, já que com certeza, essa carne seria destinada para exportação; por outro lado, as famílias estavam felizes de estarem nas suas terras, de poderem voltar a produzir para alimentar suas famílias e sustentar as famílias da cidade. 
Como assessora jurídica da CPT/RO visitei o local no dia 23/11/2012 e pude constatar que as famílias estão bem e dispostas a ficarem na terra, que são camponesas e o que o mais desejam é cultivar o campo. Há união, vontade e disposição para a luta e cultivo coletivo da terra! 
É necessário que se entenda que a terra é para quem nela mora, trabalha e produz. A terra deve cumprir a sua função social e a função social da Fazenda Riacho Doce está sendo traçada pelas famílias que lá estão e que, apesar, dos desmandos e descasos das autoridades, vão construindo a bela história de resistência na terra e conquista de seus direitos tão apregoados na Constituição Federal! 
(Lenir Correia Coelho – Assessoria Jurídica da CPT/RO) 



Comentários

  1. Isto tem alguma coisa a ver com o que foi publicado nos sites FRATES IN UNUN, Instituto Plinio Correia, GPS http://ipco.org.br/home/noticias/pe-vital-corbellini-%E2%80%9Cse-nao-desistir-da-reintegracao-de-posse-correra-sangue%E2%80%9D. Gostaria de saber o que esta ocorrendo no Estado de Voce

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  2. O local não tem nada a ver. Esta injusta matéria citada é caluniosa contra o Pe Vital e contra Dom Bruno. O que eles tentavam era uma mediação com a suposta proprietária do local para evitar um confronto entre as famílias de 120 agricultores e a polícia, pela intransigência de Dona Ângela em aceitar qualquer negociação com o INCRA.

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