Dia do Trabalhador: A luta continua por garantia de direitos

Fiscalização de trabalho escravo na Fazenda São João de Ariquemes. foto MPT 

Nos últimos anos a flexibilização das leis trabalhistas tem procurado retirar direitos da classe trabalhadora a todo custo. Com um discursos de acompanhar a flexibilização do trabalho que vem ocorrendo em todo mundo, os governos dos mais distintos partidos, e nos mais distintos recantos tem investido sobre a classe trabalhadora, no sentido de retirar os direitos sociais conquistados com muita luta. 

Historicamente os trabalhadores buscaram se organizar em sindicatos para lutarem por seus direitos. Ao mesmo tempo parte destes sindicatos que deveriam defender os direitos da categoria, tem se atrelado aos interesses dos governos e caminham fazendo uma oposição de “faz de conta”, dizem defender o trabalhador, porém defendem os governos e as políticas dos patrões. 

As entidades sindicais têm que assumir uma atitude de defesa dos trabalhadores com formação permanente, pois se esquecem de formar seus trabalhadores para a luta por seus direitos e ficam em suas salas fechadas e com ar condicionado, acreditando que estão fazendo grandes coisas pelos trabalhadores. Lembrem vocês que os trabalhadores estão nos postos de trabalho e precisam ser lembrados. E o contato com os trabalhadores se dá nesses postos de trabalho e não em seus confortáveis gabinetes. 

Em Cacoal, como em outros lugares, não é diferente, os trabalhadores se organizam para lutar por seus direitos em sindicatos, porém estes não estão dando respostas a altura e precisamos que os trabalhadores conheçam esta realidade e procurem se organizar para transformar suas organizações sindicais em verdadeiras entidades de classe que lutem pela conquista de direitos e desmascarem as diversas realidades postas como alternativa única, como as terceirizações, que disfarçam a precarização do trabalho, o próprio Trabalho Escravo e os novos moldes de trabalho escravos como os de serem obrigados a baterem o ponto e continuarem a trabalhar até arrumarem seus locais de trabalho. (continua)

A consciência de classe não é coisa do passado, não é ou não poderia ser mero discurso marxista. É questão de sobrevivência quando o mercado de trabalho se torna um predador de vidas humanas. O dia 1º de maio tem de ser propositivo, poderia ser um dia de formação para essas massas desorientadas, que individualmente não compreendem o valor de seu suor, e nem a força que tem na organização. É preciso discutir as condições de trabalho, e alternativas a esse modelo desenvolvimentista, que dita um progresso do qual o povo não participa. Um progresso para satisfazer os interesses de uma minoria, que parece ser o interesse de todos porque é difundido no campo político e na mídia. 

O trabalho escravo contemporâneo está aí, a destruir vidas! Reconhecida sua existência pelo Estado brasileiro desde 1995 continua a produzir suas vítimas. Totalmente arraigado num sistema patronal, ainda sentimos na pele, os mandos e desmandos do “patrão, pai e provedor”. Um trabalhador não precisa ser grato ao patrão que lhe dá um emprego, primeiro porque temos que diferenciar emprego e trabalho. O trabalho é antes de tudo um Direito! O emprego a forma que se utilizam para mascarar a obtenção de lucro, sobre o que o trabalhador produz, mas não é remunerado. 

Cabe aos movimentos sociais oportunizar os meios para a compreensão dessas realidades. Saber o que é Trabalho Escravo Contemporâneo é a melhor forma de evitar que nos tornemos as vítimas, de podermos identificar as vítimas, e de cobrarmos a responsabilização dos escravagistas, que se escondem atrás do poder político, para evitar que as reformas sociais aconteçam. 

Primeiro de maio: Dia do trabalhador. Dia do trabalhador assumir sua identidade, de adentrar a luta de classes,de fazer sucumbir diante da força dos trabalhadores, os interesses dos exploradores. Dia de luta, de busca de transformações, de reconhecimento, valorização, e acima de tudo dia de assumir o protagonismo pelas grandes obras realizadas, afinal como dizia Bertolt: 

Perguntas de um trabalhador que lê

Por Bertolt Brecht

Quem construiu Tebas, a cidade das sete portas?
Nos livros estão nomes de reis; 
os reis carregaram as pedras?
E Babilônia, tantas vezes destruída, 
quem a reconstruía sempre? Em que casas 
da dourada Lima viviam aqueles que a construíram?
No dia em que a Muralha da China ficou pronta,
para onde foram os pedreiros?
A grande Roma está cheia de arcos-do-triunfo:
quem os erigiu? Quem eram
aqueles que foram vencidos pelos césares? Bizâncio, tão
famosa, tinha somente palácios para seus moradores? Na
legendária Atlântida, quando o mar a engoliu, os afogados
continuaram a dar ordens a seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?
César ocupou a Gália.
Não estava com ele nem mesmo um cozinheiro? 
Felipe da Espanha chorou quando sua armada 
naufragou. Foi o único a chorar?
Frederico 2º venceu a Guerra dos Sete Anos. 
Quem partilhou da vitória?

A cada página uma vitória.
Quem preparava os banquetes? 
A cada dez anos um grande homem.
Quem pagava as despesas?

Tantas histórias, 
Tantas questões
 

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