Quilombolas de Costa Marques lançam fascículo de mapeamento e cartografia social

Mary Nascimento, secretária da AsqForte mostra mapeamento do território tradicional da comunidade.
A vice-presidente da Associação fala que alguns comandantes dialogam com a população local e que pedem para comunidade ajudar.

Associação Quilombola do Forte Príncipe (AsqForte) lançou na última sexta-feira, 28, em Costa Marques, o fascículo “Mapeamento Social” que fez a cartografia da Comunidade Quilombola do Forte Príncipe da Beira, pertencente ao município. A obra tem como objetivo informar a população local sobre gestão territorial contra desmatamentos e devastação florestal.

A presidente da AsqForte, Florinda Junior dos Santos, mais conhecida como dona Dadá, destacou em sua fala a importância do resgate de memória da comunidade e a divulgação do fascículo. “Estamos passando por muitos problemas, principalmente com o Exército Brasileiro, que quer impor um acordo de convivência de cima para baixo”.

Capa da publicação do mapeamento social
do Forte Príncipe da Beira
Há pelo menos quatro anos o trabalho de mapeamento da área onde está a Comunidade do Forte Príncipe vem sendo georreferenciada por técnicos da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam), Universidade do Estado do Amazonas e os próprios quilombolas.

Entretanto existe uma batalha envolvendo o Exército Brasileiro, que possui um Batalhão no mesmo local. De acordo com a vice-presidente da AsqForte, Maria do Nascimento Rodrigues, os moradores estão à mercê de cada comandante que chega todos os anos.

A vice-presidente da Associação fala que alguns comandantes dialogam com a população local e que pedem para comunidade ajudar. “Tem outros que já chegam impondo e se a gente não fizer do jeito deles, cortam até o fornecimento de água do poço. Isso já aconteceu várias vezes.

O Governo de Rondônia, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária, Desenvolvimento e Regularização Fundiária (Seagri), vem buscando intermediar o conflito entre a Comunidade Quilombola do Forte Príncipe e o Exército. Entretanto, segundo Laís Mirian dos Santos, uma das diretoras da AsqForte, desde o ano passado, a Seagri não participa das reuniões.

“O que estamos conseguindo até agora foi junto com o procurador federal Henrique Felber Heck, que está tentando negociar diretamente com o Comando do Exército em Porto Velho e conseguimos falar pessoalmente com a subprocuradora-geral da República Deborah Duprat”, explicou Laís.

Paralelo ao problema com os militares, eles vêm buscando melhorar a condição da comunidade com apoio governamental. A gerente regional da Secretaria de Estado da Assistência Social (Seas) no Vale do Guaporé, Ana Cristina Bonfim, falou sobre a parceria entre os governos federal, estadual e municipal, que possibilitou levar o programa de qualificação profissional “ProJovem Trabalhador” para a comunidade.

Ao final de sua fala, Laís Mirian agradeceu a presença de todos e enfatizou que continuarão lutando por suas terras. “Nós poderíamos ficar quietinhos aqui, sem fazer barulho, aceitando tudo o que o Exército manda. Mas, nós estamos aqui há muito mais tempo do que eles e nós temos nossos direitos e vamos lutar por eles. Para que nossos filhos, netos e as outras gerações possam viver a nossa cultura e as nossas tradições aqui, vamos lutar sempre”.

Fonte: tudorondonia

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