As consequências das obras das Usinas do Rio Madeira


As consequências das obras das Usinas do Rio Madeira
Foi divulgado no Diário da Amazônia (21 de agosto de 2012), que o SINE/RO tem registrado um alto número de encaminhamentos de pedidos de Seguro- desemprego em Porto Velho. De 1° a 17 de ...
agosto, foram feitas 874 solicitações, sendo grande parte desse número de demissões feitas pela usina Santo Antônio Energia.
Apesar de continuarem havendo contratações pela Usina de Jirau (em número menor), e de serem esperadas essas demissões após a construção de algumas obras, o número é muito grande e nos leva a questionar com base no que disse Levi passos ao diário da Amazônia: o que a sociedade tanto temia, o pós-usina, terá iniciado? Quais consequências mais começarão a aparecer?
São carpinteiros, pedreiros, soldadores, armadores e operadores de equipamentos pesados, demitidos e a espera de uma vaga de trabalho. Onde? E a custo de que?
Em 23 de agosto, nova notícia trágica sobre a Usina de Santo Antônio: nesta última terça-feira, faleceu o carpinteiro Claudemir Domingos Antônio, vítima de acidente no canteiro de obras. Antes ao acontecido já haviam registros de outras duas mortes, a do armador Derick de Almeida, de 27 anos, que caiu de uma altura de 50 metros, por falta de isolamento da área de circulação, ainda em 25 de abril, uma cantoneira caiu sobre o mecânico Rosivaldo, também por falta de delimitação da área de segurança onde ocorria o transporte vertical de materiais.
O consórcio declara serem tomadas todas as medidas de segurança, não é exatamente isso que as notícias evidenciam. Na quinta-feira (16 de agosto) a Superintendência Regional do Ministério do Trabalho e Emprego de Rondônia realizou, uma operação especial de fiscalização, e acabou por interditar cinco máquinas por risco de prensagem de membros dos operários, e também paralisou quatro frentes de trabalho, por risco de quedas de cargas em trabalhadores.
Apesar disso uma terceira morte não pode ser evitada, acidentes acontecem, mas o que não pode ser descartado é a responsabilidade das empresas contratantes em oferecer o melhor em segurança no trabalho, e em prestar os auxílios devidos em caso de acidentes.
A promessa da geração de emprego, do grande desenvolvimento local começa a mostrar sua outra face, a face do contingente de desempregados, das vidas perdidas em ambientes de trabalho que não ofereceram segurança suficiente para proteger sua vida. São vidas perdidas em nome do progresso, mas progresso pra quem?
Além das vidas perdidas nas obras das usinas, e do contingente de desempregados, daqueles que migraram para cá e hoje não se sabe ao certo o destino, essas obras trazem consequências ao meio ambiente e estas refletem diretamente na vida das pessoas.
O nível das águas do Rio Madeira, que já costuma ser baixo na época de estiagem, está ainda menor, isso devido a operação da usina de Santo Antônio, segundo revelou o Sindfluvial. O informe técnico produzido pelo Sipam, em agosto, mostra que o rio Madeira tem sofrido mudanças e assoreamento após inicio da construção da usina. Após o inicio das operações das quatro turbinas o assoreamento tem se agravado, os bancos de areia, formados ao longo do tempo foram removidos.
Fato é que o Rio Madeira é uma das principais portas de entrada e saída de produtos do estado de Rondônia. Os prejuízos passam do social, ao ambiental e consequentemente o econômico. Os benefícios das obras foram muito citados, pouco vistos e aproveitados pela população, quanto aos prejuízos são para todo o povo, e já são visíveis.
Em Jacy-Paraná, distrito a 90 km de Porto-Velho, frente aos prejuízos das obras das Usinas no Madeira, as pessoas se questionam sobre “o que mais vai acontecer”. O que eles tem sentido é a mudança drástica no cenário local, com alargamento do rio, formação de lago onde antes eram praias naturais que possibilitavam um momento de lazer as famílias que ali vivem e para o turismo. As “compensações” que são poucas, estão sendo destinadas para Nova Mutum, a “cidade artificial” que foi construída para os engenheiros e outros escalões de serviços da obra e parte da população que foi atingida da antiga Mutum. Perguntamos e a população de Jací-Paraná que tem sofrido os grandes impactos o que ganham? Está não é uma estratégia do poder publico para forçar que a população de Jací-Paraná deixa uma história de vida e mude para esta cidade “artificial”? Não precisamos dizer que o aumento populacional também trouxe problemas como a prostituição e o uso de drogas.
Qual o preço que pagamos por um dito “progresso”? Que progresso é esse?

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